Apresentação

Após me tornar católico, passei a conhecer, além dos que já conhecia, uma grande quantidade de católicos empenhados em preservar sua fé. Alguns deles me indicaram um mosteiro onde monges piedosos estão a construir uma igreja, e onde também se reza a Missa Tridentina. Lá conheci católicos incríveis. Também conheci o pe. Jahir. Para a preparação do meu batismo, ele me passou para ler o Catecismo Escolar e Popular do prof. P. Spirago, do qual li. Ao devolver, ele mandou eu reler (rsrs). Como normalmente reler um livro se torna monótono para mim (por mais interessante que seja, como é o caso desse catecismo), resolvi digitá-lo aos poucos. Não só para memorizar melhor os ensinos, mas para compartilhar com mais pessoas esse catecismo.

Como ele é bem antigo (a primeira edição é de 1902), as palavras do português não são as mesmas dos tempos atuais. Dessa forma, trocarei as palavras antigas por sinônimos atuais (em alguns casos aparenta mais algo como uma tradução!).

Espero que gostem, assim como eu, do ensino desse catecismo. Ele ensina o que a Igreja crê desde os séculos.

É claro que um catecismo não pode e nem vai substituir a Bíblia em ensino e valor. No entanto, ele serve como um professor, ou, no caso dos catequistas, um auxiliar. Isso ajuda a manter um ensino único, diferente das várias interpretações da Bíblia. Ora, a verdade é uma só, e não várias porções contraditórias.

Espero que além de ler o que digitar (que por conta de algumas tarefas cotidianas talvez tenha momentos em que demore de colocar uma nova parte), você também possa divulgar aos amigos, ou em sua página na internet.

Este layout é temporário. Pretendo modificá-lo enquanto digito e tenho mais idéias.

Em Cristo.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

O Espírito Santo (1)


A revelação do Espírito Santo

Quando foi que se revelou o Espírito Santo?

O Espírito Santo revelou-se no batismo de Jesus e em Pentecostes.

No batismo de Jesus, o Espírito Santo tomou a forma de uma pomba, porque ele nos comunica a singeleza e bondade de coração, qualidades próprias da pomba. No Pentecostes, tomou a forma de línguas de fogo, porque ilumina a nossa inteligência. Apareceu ao sopro rijo do tufão, porque impele nossa vontade para o bem.

A operosidade do Espírito Santo

Como opera o Espírito Santo?

O Espírito Santo opera do seguinte modo: 1) Concede a todos os homens a graça atual; 2) concede a muitos a graça santificante; 3) juntamente com ela, em geral, os sete dons (raramente dons extraordinários) e 4) Ele conserva e dirige a Igreja Católica.

Graça é um benefício imerecido, p. ex., o indulto de um condenado é uma graça. O Espírito Santo confere graças sobrenaturais, que contribuem para o bem estar eterno, como a remissão dos pecados. O Espírito Santo termina a obra da redenção; distribui as graças que Jesus mereceu com sua morte na cruz. O Espírito Santo é comparável ao Sol que faz germinar o grão plantado.

a) A graça atual

Em que consiste a graça atual?

A graça atual consiste no Espírito Santo, em certos momentos, iluminar-nos o entendimento e robustecer-nos a vontade.

Assim fez o Espírito Santo no Pentecostes; iluminou o entendimento dos apóstolos (daí as línguas de fogo)e fortaleceu-lhes a vontade (daí o sopro). Sobre o filho pródigo, o Espírito Santo atuou na hora da necessidade; sobre Saulo, perseguidor dos cristãos, às portas de Damasco e sobre Sto. Inácio de Loiola, durante a leitura da vida dos Santos. Como se vê, a atuação do Espírito Santo às vezes tem sido visível e audível, pois Deus, exteriormente, dava sinal do que se passava na alma. Pode-se encontrar semelhança entre a atuação do Espírito e a do Sol: este ilumina e aquece.

Quando o Espírito Santo costuma atuar sobre nós?

O Espírito Santo costuma atuar sobre nós nas desgraças e na pregação do Evangelho.

Sobre o filho pródigo e Sto. Inácio de Loiola ele atuou na desgraça, sobre São Francisco de Bórgia na presença do cadáver da Imperatriz Isabel, sobre os judeus no Pentecostes durante a pregação dos apóstolos. Antes de atuar sobre a alma, Deus costuma amolecê-la com o sofrimento, assim como se amolece o lacre antes de imprimir o carimbo. O Espírito Santo atua sobre todos os homens. Por isso na vida de heterodoxos também ocorrem momentos de graça. Um meio muito eficiente de obter as graças do Espírito Santo é rezar ao Divino Espírito Santo:

“Vinde Espírito Divino,
Nossas almas renovai!
Sobre os peitos que criastes
Dons celestes derramai!”

O que devemos fazer quando o Espírito Santo atua sobre nós?

Quando o Espírito Santo atua sobre nós, devemos cooperar com sua graça.

O Espírito Santo é como um guia: pode-se segui-lo ou não. Portanto, pode-se também resistir ao Espírito Santo. Muita gente fez assim no Pentecostes, zombando dos Apóstolos e chamando-os de bêbados. Muitos ainda fazem assim quando, comovidos com algum caso de morte (ou fatos idênticos), em vez de rezarem e se confessarem, procuram distrair-se em algum divertimento profano. Deveriam, antes, proceder como Sto. Inácio de Loiola que, depois de sua conversão, se retirou à solidão e rezou a Deus com muito fervor.

b) A graça santificante

O que é a graça santificante?

A graça santificante é a beleza da alma e sua semelhança com Deus, prerrogativas estas que o Espírito Santo concede ao entrar na alma.

A alma que possui a graça santificante se parece com o ferro na brasa. O fogo penetra no ferro e o torna mais belo, reluzente, incandescente, igual ao próprio fogo (e ao ouro). Do mesmo modo a alma, quando nela entra o Espírito Santo, se torna bela e semelhante a Deus. Jesus compara essa beleza da alma à veste nupcial. A nova vestimenta do filho pródigo e a veste alva que se usa no batismo, simbolizam a graça santificante. – A palavra “santificante” indica que esta graça faz o homem santo e agradável a Deus.

Que privilégio alcançamos pela graça santificante?

Pela graça santificante alcançamos os seguintes privilégios: nos tornamos amigos e filhos de Deus e herdeiros do Céu.

Acontece-nos, ao entrar o Espírito Santo em nossa alma, coisa semelhante à que aconteceu no batismo de Jesus Cristo, em que o Espírito Santo desceu sobre ele: Deus Pai nos adota como filhos muito geridos e é aberto a nós o acesso ao Céu.

Que transformação opera a graça santificante na alma?

A graça santificante opera na alma as seguintes transformações: 1) Une a Alma com Deus, 2) Purifica a alma de todos os pecados mortais e 3) desperta a alma para a vida.

1) Assim como o fogo está dentro do ferro incandescente, Deus está na alma do justo. Por isso S. Paulo muitas vezes chama os cristãos de “templos de Deus” O justo está unido a Deus como o ramo da videira à cepa. Desde então começa a produzir frutos para a vida eterna. (As boas obras do pecador são mortas, q. d. não têm recompensa na outra vida). 2) A alma em estado de graça perde os pecados, como o ferro em brasa perde a ferrugem. De pecador o homem passa a ser justo. Esta elevação do homem chama-se “justificação”. 3) A alma volta a possuir aquela vida que perdera em conseqüência do pecado original. Pela graça santificante, por assim dizer, “renasce” espiritualmente. Por isso chama-se ao Divino Espírito “Vivificador”.

Quando se alcança a graça santificante?

Se alcança a graça santificante: 1) recebendo o sacramento do batismo ou da confissão, 2) cooperando seriamente com a graça atual.

1) Os sacramentos do batismo e da confissão são chamados de sacramentos dos mortos, porque reavivam os que estavam espiritualmente mortos. 2) O batismo de Cornélio demonstra como recebe a graça santificante aquele que coopera seriamente com a graça atual. Esta é também a doutrina da Igreja sobre a contrição perfeita. – Podemos aumentar em nós a graça santificante praticando boas obras, fazendo bom uso dos sacramentos e dos meios sacramentais. Tal como o vigor do corpo, a santidade da alma também pode aumentar.

Perde-se a graça santificante pelo pecado mortal.

Acontece à alma que peca mortalmente o mesmo que acontece ao corpo quando a alma o abandona: perde a vida. Se a alma perder a vida (ficando, pois, sem a veste nupcial), não a deixarão entrar para o banquete nupcial do Céu, mas atirarão esta alma às trevas exteriores.

c) Os dons do Espírito Santo.

Que dons outorga o Espírito Santo?

O Espírito Santo outorga:

1) A todos que possuem a graça santificante, sete dons, a saber: o dom da sabedoria, do entendimento, da ciência, do conselho, da fortaleza, da piedade e do temor de Deus.

A luz solar também possui sete cores. O Espírito Santo só concede os sete dons particularmente na crisma. Estes dons aperfeiçoam ou a inteligência ou a vontade. Exemplos: O dom da sabedoria faz com que se reconheça bem a caducidade das coisas temporais, e se considere a Deus como sumo bem. Salomão o possuiu. Dizia ele: “Ó vaidade das vaidades, tudo é vaidade!”. Teve-a também São Francisco de Assis, que exclamava: “Meu Deus e meu tudo!”. O dom do conselho, por sua vez, faz com que, em casos complicados, se reconheça rapidamente o que se há de fazer de acordo com a vontade de Deus. Vemos este dom em Jesus Cristo que soube prontamente responder à pergunta sobre se deveria ou não pagar o tributo a Cesar. O dom da fortaleza tem a propriedade de robustecer a vontade. Ele faz com que suporte corajosamente tudo, para cumprir a vontade de Deus. Jó, o sofredor, teve este dom; tiveram-n, igualmente, todos os mártires.

2) Algumas vezes dons extraordinários, como o dom dos milagres, das profecias e das línguas.

Os apóstolos tiveram o dom dos milagres; os profetas o da profecia; os apóstolos tiveram o das línguas no dia de Pentecostes. Este último dom Deus o concedeu para reerguimento da verdadeira fé.

d) O Espírito Santo na Igreja.

Como opera o Espírito Santo na Igreja?

O Espírito Santo opera na Igreja do seguinte modo: 1) Protege-a da ruína e do erro, 2) Ajuda o chefe supremo e os demais chefes da Igreja, 3) Suscita, em tempos de perigo, homens de valor e 4) Faz com que, em todos os tempos, haja Santos.

O que a alma é no corpo, o Espírito Santo é na Igreja. Assim como no dia de Pentecostes Ele estava na casa dos santos Apóstolos, está ainda agora na Santa Igreja.

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