Apresentação

Após me tornar católico, passei a conhecer, além dos que já conhecia, uma grande quantidade de católicos empenhados em preservar sua fé. Alguns deles me indicaram um mosteiro onde monges piedosos estão a construir uma igreja, e onde também se reza a Missa Tridentina. Lá conheci católicos incríveis. Também conheci o pe. Jahir. Para a preparação do meu batismo, ele me passou para ler o Catecismo Escolar e Popular do prof. P. Spirago, do qual li. Ao devolver, ele mandou eu reler (rsrs). Como normalmente reler um livro se torna monótono para mim (por mais interessante que seja, como é o caso desse catecismo), resolvi digitá-lo aos poucos. Não só para memorizar melhor os ensinos, mas para compartilhar com mais pessoas esse catecismo.

Como ele é bem antigo (a primeira edição é de 1902), as palavras do português não são as mesmas dos tempos atuais. Dessa forma, trocarei as palavras antigas por sinônimos atuais (em alguns casos aparenta mais algo como uma tradução!).

Espero que gostem, assim como eu, do ensino desse catecismo. Ele ensina o que a Igreja crê desde os séculos.

É claro que um catecismo não pode e nem vai substituir a Bíblia em ensino e valor. No entanto, ele serve como um professor, ou, no caso dos catequistas, um auxiliar. Isso ajuda a manter um ensino único, diferente das várias interpretações da Bíblia. Ora, a verdade é uma só, e não várias porções contraditórias.

Espero que além de ler o que digitar (que por conta de algumas tarefas cotidianas talvez tenha momentos em que demore de colocar uma nova parte), você também possa divulgar aos amigos, ou em sua página na internet.

Este layout é temporário. Pretendo modificá-lo enquanto digito e tenho mais idéias.

Em Cristo.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

A profissão de fé

Em que consiste a profissão da fé?

A profissão da fé consiste em manifestar a própria crença em certas ocasiões, por palavras ou por obras.

Professaram a sua fé os três jovens da fornalha ardente na presença do rei; professaram-na os 7 irmãos Macabeus com sua mãe; professou-a S. Pedro dizendo: “Tu és o Cristo, Filho do Deus Vivo!”; O contrário é a negação da fé e a apostasia da fé. S. Pedro negou a fé no adro do Sumo Sacerdote. O rei Salomão apostatou da verdadeira fé; tornou-se idólatra, a bem de suas mulheres pagãs. A igreja nos incita à profissão da fé realizando procissões.

Por que devemos professar também exteriormente a nossa fé?

Devemos professar também exteriormente a nossa fé, porque a profissão de fé é necessária para a salvação e, por isto, ordenada por Jesus Cristo.

1) Diz S. Paulo: “Se crer, de coração, para a justiça; mas de boca faz-se a profissão para a salvação”. Já é razão bastante para professarmos exteriormente a nossa crença, o dever que temos de servir a Deus de corpo e alma. Além disto, a nossa natureza sente a necessidade de manifestar exteriormente os sentimentos interiores. Quem não professa a fé, perde-a, como se perde a facilidade de um idioma, não o praticando. 2) Cristo nos encarece a profissão de fé, dizendo: “Quem me professar perante os homens, a esse eu professarei perante meu Pai, que está no céu.” Diz mais: “Quem se envergonhar de mim e de minhas palavras, dele também o Filho do Homem terá vergonha quando vier na sua glória”.

Quando é que estamos obrigados a professar nossa fé?

Estamos obrigados a professar a nossa fé quando a gloria de Deus ou a salvação do próximo o exigirem.

Quem quisesse estar professando a fé a cada momento (p. ex. fazendo seguidamente o sinal da cruz), ridiculariza a si mesmo e a religião. Eis porque adverte N. Senhor: “Não deis aos cães o que é santo, nem atireis aos porcos as vossas perolas!”. Se inimigos da religião nos importunarem com perguntas acerca da nossa crença, despachemo-los com brevidade. Mas, se é a autoridade competente que inquire, devemos professar as cores. Assim fez Cristo ao Sumo Sacerdote.

De que modo recompensa Deus os que professam a fé?

Deus recompensa os que professam a fé, distinguindo-os neste mundo e depois da morte.

1) A S. Pedro que professara impávido a divindade de Cristo, Jesus fez imediatamente chefe dos apóstolos. Os três jovens da fornalha ardente, tendo professado com coragem a sua fé em Deus, foram por Ele protegidos do fogo e grandemente honrados pelo rei. 2) A quem tiver de sofrer pela fé, são aplicáveis as palavras de N. Senhor: “Bem aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus”. E mais: “O que perder a vida por minha causa, a encontrará”. Chama-se confessor aquele que é perseguido pela fé; mártir o que morre pela fé. Nas imagens apresentam-se os mártires com uma palma na mão; é a palma da vitória. Há cerca de 16 milhões de mártires. Nenhuma religião pode apresentar coisa semelhante.

Por que motivos acontece, Às vezes, que católicos reneguem a sua fé?

Acontece, Às vezes, que católicos reneguem a sua fé em virtude de respeito humano ou por dinheiro.

Certos homens são como lebres: amedrontam-se com espantalhos. Com receio de ataques, deixam de professar a sua fé – Até por dinheiro alguns abandonam a fé; assim p. ex. na esperança de um casamento rico. Às vezes só no leito de morte reconhecem o erro.

Qual é a forma mais freqüente dos cristãos católicos professarem a fé?

A forma mais freqüente dos cristãos católicos professarem a fé é o sinal da cruz.

O sinal da cruz é para os católicos mais ou menos o que vem a ser a farda para os servidores do Estado.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Milagres e Profecias

 O que é milagre?

Milagre é uma obra extraordinária, impossível de ser provocada mediante as energias da natureza, mas realizável só pela onipotência de Deus.

Fenômenos extraordinários são p. ex. a farta Morgana, a miragem, a luz polar, o próprio arco-íris e particularmente muitas das invenções modernas. Mas, todas estas são realizáveis pelas energias naturais, coisa que não se dá com o milagre, como p. ex. o da ressurreição de um morto.

Para que permite Deus que sucedam milagres?

Deus permite que sucedam milagres para a sua glorificação e para corroborar a verdade.

1) Deus fez numerosos prodígios para a sua própria glorificação perante os israelitas. Tais prodígios foram p. ex. a divisão do Mar Vermelho e do Jordão; o milagre, no monte Carmelo com Elias e os sacerdotes de Baal. Com o mesmo intuito sucederam milagres no cativeiro de Babilônia, como p. ex. a libertação dos três jovens da fornalha ardente. 2) Operando milagres para a confirmação da verdade, Deus procede como as autoridades que autenticam com carimbo oficial os documentos. Por isto Deus confirma com prodígios a divina missão de seus enviados e a santidade de cristãos falecidos. Eis porque Moisés, os profetas, Jesus Cristo e os Apóstolos operaram milagres. Neste sentido dizia Jesus: “Se não quiserdes crer em mim (s. é: no que digo), crede nas obras” (q. d. nos milagres que faço). Também, ao invés, ninguém é beatificado ou canonizado se, em rigoroso exame, não ficar provado ou que em vida operou milagres, ou que depois de morto tenham sucedido milagres pela sua invocação.

Em que época se deu o maior milagre?

O maior número de milagres se deu no exórdio do cristianismo.

Deus procede como um jardineiro: rega as plantinhas enquanto novas. Quem tolamente julgasse que “hoje, estando a ciência tão avançada, não há mais milagres por ser tudo naturalmente explicável”, poderia ser refutado: 1) pelos corpos incorruptos dos Santos, p; ex. o do S. Francisco Xavier, apóstolo das Índias, o de Santa Teresa, os quais todos se diferenciam das múmias pela flexibilidade; 2) pelos membros conservados intactos de alguns Santos, p. ex. a língua de S. João Nepomuceno, existente em praga há mais de 500 anos; a língua de Sto. Antonio de Lisboa; o braço direito de Sto. Estevão, rei da Hungria; 3) pelos numerosos milagres que ocorrem nos centros de peregrinações, p. ex. em Lourdes (sul da França).

Que é uma profecia?
Profecia é a predição precisa de coisas futuras que só Deus, e nenhuma criatura, é capaz de saber.

Os enviados de Deus profetizaram muitas vezes. Cristo descreveu minuciosamente a iminente destruição de Jerusalém. Predisse até coisas dependentes da livre vontade humana, p. ex. a negação de S. Pedro. O profeta Isaías descreveu, séculos antes, a paixão de Cristo tão pormenorizadamente, como se tivesse estado ao pé da cruz; chama-se, por isso, o Evangelista do Antigo Testamento.

Que finalidade tem as profecias?

As profecias tem por fim elevar a verdadeira fé.

Vendo realizadas as profecias de Jesus Cristo e dos profetas, os apóstolos e os cristãos sentiam-se mais convictos da divindade de Jesus e da verdade da nossa religião.

sábado, 14 de maio de 2011

A sagrada Escritura ou Bíblia

 1.    O que é a Sagrada Escritura?

A s. Escritura, ou Bíblia, são 72 livros que encerram a palavra de Deus e foram escritos parte antes, parte depois de Jesus Cristo, por homens divinamente iluminados sob o impulso e a inspiração do Espírito Santo.

A Sagrada Escritura é como uma mensagem de Deus aos homens. Até hoje ela não foi alterada, nem de leve; isto se prova comparando a nossa bíblia com as mais antigas cópias e versões que dela existem, e confrontando-a com a dos judeus. Assim como Deus cuidou que a luz do Sol no decorrer dos milênios não diminuísse, assim também conservou integra até hoje a luz espiritual depositada nos sagrados livros. A “História Sagrada” usada nas escolas é uma seleção de trechos tirados da Bíblia.


2.    Como se dividem a Sagrada Escritura?

A S. Escritura dividi-se em 45 livros do Antigo e 27 do Novo Testamento.

Os livros do Antigo Testamento, por sua vez, dividem-se em históricos (os livros de Moisés, Josué, Reis), didáticos e de sabedoria (provérbios, salmos), e proféticos. Há quatro grandes profetas: Isaias, Jeremias, Ezequiel, Daniel, e 12 pequenos profetas. Os livros do Novo Testamento dividem-se igualmente em históricos (os 4 Evangelhos e os AStos dos Apóstolos), didáticos ou de sabedoria (21 epistolas apostólicas, entre as quais 14 são de S. Paulo9) e o 1 livro profético (o Apocalipse de São João).

3.    Quais são os livros mais importante da S. Escritura?

Os livros mais importantes da S. Escritura são os quatro santos Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João.

Porque estes livros relatam a vida e as doutrinas de Jesus Cristo. Alguns trechos deles são lidos nas igrejas, por ocasião do culto divino. Esta leitura deve-se ouvir de pé – Outro livro de grande importância é dos “Atos dos Apóstolos”, de Lucas, em que se descrevem sobretudo os feitos dos santos Apóstolos Pedro e Paulo – S. Mateus e S. João foram Apóstolos; os outros dois evangelistas, discípulos de Jesus. S. Marcos foi companheiro de S. Pedro, S. Lucas o foi de S. Paulo. S. Mateus prova como Jesus é o messias; por isso cita constantemente as profecias. S. João prova como Cristo é Deus; cita, em geral, os dizeres de Jesus Cristo sobre a sua divindade.

4.    Como foi que se conservaram as verdades reveladas não escritas na Bíblia?

As verdades reveladas não escritas na Bíblia conservam-se pela tradição oral.

Os santos evangelistas não lançaram tudo por escrito, pois Jesus não os encarregara senão de pregar. S. João diz que o mundo ficaria sem caber mais de livros, se desejassem escrever tudo quanto Cristo fez. Portanto, muita coisa há que foi comunicada pelos santos Apóstolos só de viva voz (tradição), sendo mais tarde lançada por escrito por outros. – Quanto os protestantes pretendem que tudo o que é revelação está na Bíblia, contradizem-se guardando o domingo e não o sábado, porque a Bíblia nada refere sobre a instituição do domingo. Sem a tradição não se saberia quais livros fazem parte da S. Escritura.

5.    Como foi que Deus sancionou as suas revelações?

Deus sancionou as suas revelações com milagres e profecias.

Haja vista os milagres operados por Moisés, Elias, Jesus Cristo e pelos Apóstolos. Com estes milagres Deus provou ter-se, de fato, manifestado por intermédio daquelas pessoas.

Revelação divina.

1.    O que é revelação divina?

A revelação divina são as comunicações que Deus fez em extraordinário, no decorrer dos tempos, sobre si e sobre as suas obras.

Exemplos de tais revelações: Deus falou a Noé e enviou-o a seus contemporâneos; esteve com Abraão em forma humana acompanhado de dois anjos; interpelou Moisés no seio da sarça ardente; falou aos israelitas do alto do monte Sinai; enviou o arcanjo S. Rafael a Tobias; mandou anjos aos pastores nos campos de Belém; falou a Saulo, perseguidor dos cristãos às portas de Damasco, etc. A revelação mais importante é a que fez o Filho de Deus. Chama-se, geralmente, sobrenatural a revelação divina, porque Deus se revela também de modo natural, isto é, pela natureza. Assim chama-se natural a revelação de Deus pela criação.

2.    Com que intuito se fez a revelação divina?

A revelação divina se fez com o intuito de fundar a verdadeira religião.

Foi por isso que a revelação divina terminou com a morte dos santos Apóstolos. Posto que Deus ainda agora se revele (sirvam de exemplo as várias revelações ocorridas nas vidas dos Santos e as aparições de N. Senhora em Lourdes, 1858, na frança), contudo estas revelações não tem por fim senão confirmar ou esclarecer as verdades já reveladas.

3.    Como obtemos notícia das verdades reveladas?

Obtemos notícia das verdades reveladas mediante a sagrada Escritura e mediante o Magistério da Igreja.

Deus não quisque permanecessem ocultas as suas revelações. Por isto ordenou aos homens que as receberam (Noé, Moisés, etc.) para transmitirem aos seus contemporâneos. Pela mesma razão o próprio Jesus, antes de subir ao céu, mandou aos Apóstolos: “Ide e ensinai a todos os povos!”. E ainda pelo mesmo motivo Deus incitou vários santos homens a assentarem por escrito as revelações recebidas e, enquanto escreviam, Ele os inspirava. Nasceu, assim, a “Sagrada Escritura”.


4.    Como se chama uma doutrina declarada solenemente pela Igreja como sendo revelada por Deus?

Uma doutrina que a Igreja solenemente declarou como sendo revelada por Deus chama-se artigo de fé, ou dogma.

Para uma tal declaração solene são competentes um concílio ecumênico, ou o Papa sozinho. Quando uma destas doutrinas é definida como dogma, não se fabrica doutrina nova, mas apenas se pronuncia com clareza a doutrina em questão, tal como Deus e revelou e como ela desde sempre foi criada. Também a criança, enquanto vai crescendo, não cria novos membros. Quem achar que os dogmas são antiquados, considere que a verdade jamais pode mudar (2 x 2 = 4). Dois vezes dois sempre será quatro.

O conhecimento de Deus.

1.    Como chegamos ao conhecimento de Deus?

Chegamos ao conhecimento de Deus em parte pelas cosias criadas, e com maior clareza pela revelação divina.

Do mundo visível podemos concluir p. ex. para o grande poder, para a sabedoria, bondade e beleza de Deus. Por aí não obteremos, contudo, um conhecimento nítido. Assim como de uma bela pintura que vejo posso concluir para a habilidade do pintor; não, porém, para a sua idade, ascendência ou nome, a menos que antecipadamente nos comunicassem, do mesmo modo precisamos também da revelação divina para conhecermos a Deus. – O conhecimento mais nítido de Deus será no céu. Na terra só vemos a Deus como em figura; os habitantes do céu, porém, contemplam-nO face a face.

2.    Por que é que o conhecimento de Deus é de suma importância?

O conhecimento de Deus é de suma importância, porque, sem ele, não há verdadeiro contentamento, nem vida honesta.

1) Quem não conhece a Deus é como um pobre cego. Este nada enxerga; aquele ignora o destino de sua vida e desconhece o caminho que para lá conduz; este tropeça e cai à toa; aquele, sobrevindo-lhe alguma infelicidade, facilmente desespera. O cego não tem verdadeira alegria de viver; ao outro falta a verdadeira paz na vida. 2) José II, Imperador, muitas vezes misturava-se disfarçado, entre o povo. Aconteceu-lhe, algumas vezes, ser injuriado por seus funcionários. Naturalmente não o conheceram. Deus está neste caso. Suporta pragas, mentiras, homicídios, roubos e coisas parecidas da parte dos homens, porque estes não o conhecem. A este propósito diz Santo Agostinho: “Infeliz do homem que tudo conhece e não vos conhece a vós, ó Deus!”.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

1 – O catecismo.

 1.    O que é o catecismo?

O catecismo é um livro que, com precisão e clareza, nos informa sobre o que devemos saber e fazer para entrarmos no céu.

O catecismo é como um indicador de estrada; aponta o rumo do céu. É como uma jóia; pequenino, mas precioso. Um pregador de renome gostava de levar o catecismo consigo ao púlpito, e de lá assim falava ao povo: “Vede este livrinho: minúsculo, mas de ouro! Ele encerra todos os tesouros da sabedoria!”


2.    A que pergunta capital responde o catecismo?

O catecismo responde a seguinte pergunta capital: Por que estamos na terra?

2 – O destino do homem

3.    Para que estamos na terra?

Estamos na terra para glorificar a Deus e conseguir, com isto, a eterna bem aventurança.

O universo inteiro, e portanto também o homem, foi criado por Deus sobretudo para a sua própria glorificação. O universo é destinado a manifestar a onipotência, a sabedoria, a bondade, a beleza, numa palafra: a majestade de Deus. Tudo quanto vejo parece-me clamar: Ó Deus, como sois grande, como sois belo! Ora, sendo o homem uma criatura dotada de inteligência e livre arbítrio, cabe-lhe glorificar a Deus livremente; é o que ele faz procurando conhecê-lo, amando-o e honrando-o. (Vejam quais as 3 partes do catecismo). Assim é que o homem conquista a bem aventurança eterna. Assemelha-se, pois, o homem a um criado que, com servir o padrão, ganha o seu ordenado.

4.    Com que palavras nos lembra Jesus Cristo o nosso destino?

Jesus Cristo lembra-nos o nosso destino quando nos diz: “Uma só coisa é necessária”. E “procurai primeiro o reino de Deus e sua justiça, que tudo mais vos será dado em acréscimo”.

A própria estrutura do corpo humano lembra o homem que ele é destinado ao céu; porquanto, ao invés dos irracionais, ele tem o andar ereto e os olhos voltados para o alto. Igualmente as torres das igrejas e todo o estilo das igrejas góticas chamam a atenção do homem para o alto. Sendo, pois, o homem destinado para o céu, ele é na terra mero peregrino e sua vida terrena uma peregrinação. Entretanto, quantos esquecem o seu destino e só cogitam dos prazeres e dos bens da terra! Estes são aqueles convidados que fala o Evangelho, os quais uns por causa da fazenda, outros por causa duma junta de bois, outros por causa das mulheres, deixaram de comparecer ao banquete.

5.    Como adquirimos a eterna bem aventurança?

Adquirimos a eterna bem aventurança pela religião; quer dizer: procurando conhecer a Deus, observando-lhe os mandamentos e fazendo uso dos meios da graça.

A religião consiste, portanto, no conhecimento de Deus, na vida agradável a Deus e no culto divino. A palavra “Religião” deriva-se do latim: religare = ligar; significa, portanto, ligação. De fato a religião prende-nos a Deus. Ela é como uma luz, como uma alavanca, como uma âncora, como um alimento. Por quê? Luz, ela nos clareia o caminho ao céu; alavanca, torna poderosa os mais fracos e capacita-os para as maiores façanhas (Davi contra Golias); âncora, preserva-nos do naufrágio das adversidades da vida, assim como a âncora segura o navio na ventania; alimento, sossega e satisfaz os anseios da alma como o alimento à fome. Santo Agostinho diz de forma bela: “Nosso coração anda inquieto enquanto não repousa em vós, ó Deus!” O homem sem religião se parece com um faminto. – A religião também traz vantagens para o Estado. Dizia o imperador Napoleão I: “Sem religião não se pode governar um povo”. – Erram, pois, os que taxam a religião de coisa secundária ou de negócio particular.

Divisão do catecismo

6.    Do que se trata o catecismo?

O catecismo trata:

1.    Do conhecimento de Deus e da fé.
2.    Dos mandamentos.
3.    Dos meios da graça.

1) Só se chega a um conhecimento nítido de Deus pela fé, que, qual uma luz, nos esclarece a inteligência. A fé é astro luzente; dá-nos a conhecer o Deus vivo. Chama-se, por isto, dogmática ou a doutrina da fé a primeira parte do catecismo. 2) A segunda parte chama-se moral. 3) A terceira parte chama-se: doutrina dos meios de graça, ou doutrina da graça. – O catecismo é comparável a um edifício; suas três partes, aos muros.

Os fundamentos da Dogmática, Moral e Graça.

1 - O fundamento da Dogmática.

O sinal da santa cruz

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

O símbolo dos Apóstolos.

1. Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra;
2. e em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor,
3. que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da virgem Maria;
4. padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado;
5. desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia;
6. subiu aos Céus; está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso,
7. de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
8. Creio no Espírito Santo,
9. na Santa Igreja católica, na comunhão dos Santos,
10. na remissão dos pecados,
11. na ressurreição da carne,
12. na vida eterna. Amém.

II – O fundamento da Moral

Os dois mandamentos da caridade.

1.    Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e com todas as tuas forças.
2.    Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.

Os dez mandamentos da lei de Deus.

1.    Amar a Deus sobre todas as coisas.
2.    Não tomar seu santo nome em vão.
3.    Guardar os domingos e festas.
4.    Honrar pai e mãe.
5.    Não matar.
6.    Não pecar contra a castidade.
7.    Não furtar.
8.    Não levantar falso testemunho.
9.    Não desejar a mulher do próximo.
10.    Não cobiçar as coisas alheias.

Os cinco mandamentos da Igreja.

1.    Ouvir a missa inteira aos domingos e festas de guarda.
2.    Confessar-se ao menos uma vez cada ano.
3.    Comungar ao menos pela Páscoa da Ressurreição.
4.    Jejuar e abster-se de carne quando manda a Santa Madre Igreja.
5.    Pagar dízimos segundo o costume.

As obras de misericórdia.

1) Dar de comer a quem tem fome; 2) dar de beber a quem tem sede; 3) vestir os nus; 4) dar pousada aos peregrinos; 5) visitar os enfermos; 6) remir os cativos; 7) enterrar os mortos.



 III – Os fundamentos da Doutrina da Graça.

Os 7 sacramentos.

1. Batismo; 2. Confirmação ou crisma; 3. Eucaristia; 4. Penitência ou confissão; 5) Extrema unção; 6. Ordem; 7. Matrimônio.

Oração dominical.

Pai nosso, que estás no céu!
Santificado seja o teu nome.
Venha a nós o teu reino.
Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.
O pão nosso de cada dia nos daí hoje.
E perdoai as nossas dividas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores.
Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Amem.

Saudação angélica.

Ave, Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco.
Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.
Santa Maria, mãe de Deus, roçai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte.
Amem.

(outras formas de oração encontram-se no fim do catecismo)

Introdução ao Catecismo

Um dos catecismos católicos mais populares do mundo é seguramente o Catecismo Popular do exímio Prof. P. Francisco Spirago, não só o grande em 3 volumes, como também este pequeno, cuja tradução vernácula ora apresentamos ao público.

Editado pela primeira vez em 1902, conquistou rapidamente o mundo. Foi traduzido em mais de 30 línguas, obtendo numerosíssimas reedições e recomendações.

Nos países de língua germânica foi o catecismo pequeno de Spirago calorosamente aceito e recomendado pelos senhores Bispos, como Catecismo Escolar e Familiar, não só à comunidade e aos adultos em geral, mas sobre tudo às escolas elementares e secundárias, aos grupos, ginásios e escolas normais, notadamente aos catequistas e professores.

De perfeito acordo com o original apresenta esta edição, além das palavras salientadas pelo grifo ou negrito, 3 diferentes corpos de formatação. O maior forma como que o esqueleto; o médio, os músculos; e o pequeno, o sangue. Poder-se-ia omitir a parte impressa em formatação pequena sem que o catecismo deixasse de conter todas as verdades da religião católica; entretanto, parecer-se-ia ele com um organismo muito anêmico.

Original, diferente dos demais catecismos, este não se dirige apenas à inteligência, porém notavelmente ao coração. Como um homem excessivamente anêmico é incapaz de trabalhar, assim também seria incompleto este catecismo sem a parte impressa em formatação menor. Seria incapaz de produzir o efeito indispensável, de mover os corações e de ascender o amor a Deus e à religião.

A parte composta em formatação maior é propriamente destinada a alunos menos adiantados; a de formatação média, a mais adiantados; a menor apresenta explicações mais pormenorizadas aos estudantes.

Os catequistas, contudo, que tiverem de doutrinar crianças, não poderão deixar de recorrer à terceira parte afim de ilustrar e acalorar a catequese, escolhendo os elementos que no momento mais lhes convierem.

MODO DE EXPOR O CATECISMO

Desde que a religião não é uma ciência abstrata e teórica, mas sumamente prática, devendo empolgar e transformar o homem inteiro, com todas as suas potências, é preciso que a exposição da doutrina corresponda às exigências das principais faculdades, como são a inteligência, vontade e o coração.

Ora, essas três faculdades, em todas as suas operações, necessitam indispensavelmente da imaginativa: o intelecto para refletir vivamente, a vontade para despertar maiores energias, o coração para se emocionar. Só uma exposição que fartamente se aproveite dos recursos da imaginação para explicar e ilustrar o ensino, poderá satisfazer as exigências dessas faculdades e excitá-las a atividade mais intensa.

Por meio da imaginação o catequista estimula os alunos ao trabalho próprio, de colaboração ativa, excitando ocupando e extasiando as três faculdades coligadas, de modo que, pela força do espírito, previna toda divagação e fastio, fascinando-as e prendendo-as risonhamente ao assunto.

Não tenho à sua disposição os quadros exigidos p. ex. pelo método moderno de “Quinet” para a catequese de crianças menores, deve o catequista produzir espiritualmente, pela imaginação, os quadros necessários, pintando-os e colorindo-os devidamente, aproveitando-se para isso de todos os recursos pessoais, assim como dos meios catequéticos que tiver a disposição, especialmente pelos presentes catecismo.




***

Sob este ponto de vista, o catecismo de Spirago, o pequeno como o grande, é uma mina riquíssima, conforme salientam os bispos alemães. Proporciona os textos da S. Escritura, lembra exemplos bíblicos, dá resumidamente a doutrina dos S. Padres da Igreja, aponta fatos ilustrativos e edificantes da vida dos Santos, oferece analogias, máximas e exemplos profanos, e traz citações de homens ilustres.

É muito para notar que até o catecismo pequeno de Spirago oferece este riquíssimo material. Justamente por ser um resumo admiravelmente bem feito, realiza a imensa vantagem de apresentar a sua riqueza por quadros sinóticos intuitivos que se sucedem em cada página e permitem ao catequista apanhar de um só golpe de vista o contexto geral, juntamente com os pontos particulares a expor, dispensando leitura contínua e cansativa.

Sobretudo convém destacar as duas grandes prerrogativas que granjearam ao catecismo de Spirago tanta popularidade: a encantadora simplicidade de estilo, evitando palavras rebuscadas e difíceis, e esse calor de expressão que traz a marca divina do Espírito Santo e que convence e vai ao coração. Foram elas que lhe conquistaram a popularidade mundial!

***

Eis aí, pois, o catecismo precioso que até hoje falava ao nosso povo, embora não lhe faltasse de todo! Contribuiu até largamente para a conservação da religião entre nós. Prova de sua popularidade entre nós é que muitíssimos sacerdotes possuem a edição grande, servindo-se dela até hoje de preferência na doutrinação do país. Bom sinal esse, para a edição reduzida, e ótima recomendação ao nosso povo!

Deveras, esta pequena edição corresponde melhor às condições precárias e a necessidade imediata do nosso povo. Com tudo o que o distingue, pelo fundo e pela forma, como pelo feitio material e tipográfico, recomenda-se a ponto de ser de esperar que se tornará também entre nós o catecismo verdadeiramente popular e familiar.

Mas antes de tudo seja este catecismo o manual de religião predileta dos nossos catequistas, professores e pioneiros da Ação Católica! Sabendo, porém ,que sem a inspiração do Divino Espírito Santo quase nada poderão conseguir, será mister se conservarem debaixo de sua ação, e juntarem ao ensino a oração própria e a dos educandos!

Assim fazendo, este catecismo de Spirago, lhes tornará nas mãos uma mina de ouro para a mocidade – e eles próprios hão de ser fatores importantíssimos na reconstrução de um Brasil novo!

Tomai! Lêde! Fazei ler!

P. Lacroix

Apresentação

Após me tornar católico, passei a conhecer, além dos que já conhecia, uma grande quantidade de católicos empenhados em preservar sua fé. Alguns deles me indicaram um mosteiro onde monges piedosos estão a construir uma igreja, e onde também se reza a Missa Tridentina. Lá conheci católicos incríveis. Também conheci o pe. Jahir. Para a preparação do meu batismo, ele me passou para ler o Catecismo Escolar e Popular do prof. P. Spirago, do qual li. Ao devolver, ele mandou eu reler (rsrs). Como normalmente reler um livro se torna monótono para mim (por mais interessante que seja, como é o caso desse catecismo), resolvi digitá-lo aos poucos. Não só para memorizar melhor os ensinos, mas para compartilhar com mais pessoas esse catecismo.

Como ele é bem antigo (a primeira edição é de 1902), as palavras do português não são as mesmas dos tempos atuais. Dessa forma, trocarei as palavras antigas por sinônimos atuais (em alguns casos aparenta mais algo como uma tradução!).

Espero que gostem, assim como eu, do ensino desse catecismo. Ele ensina o que a Igreja crê desde os séculos.

É claro que um catecismo não pode e nem vai substituir a Bíblia em ensino e valor. No entanto, ele serve como um professor, ou, no caso dos catequistas, um auxiliar. Isso ajuda a manter um ensino único, diferente das várias interpretações da Bíblia. Ora, a verdade é uma só, e não várias porções contraditórias.

Espero que além de ler o que digitar (que por conta de algumas tarefas cotidianas talvez tenha momentos em que demore de colocar uma nova parte), você também possa divulgar aos amigos, ou em sua página na internet.

Este layout é temporário. Pretendo modificá-lo enquanto digito e tenho mais idéias.

Em Cristo.